domingo, 1 de abril de 2012

Autismo e comida Azul?

Existe comida em tons de AZUL...??? Li num livro sobre personagem autista (oferta da minha amiga Gisela) que o jovem comia por cores e a mãe, à quinta-feira, só lhe fazia comida azul. Fiquei curiosa. A minha primeira ideia foi de repulsa, ou pensar que são só corantes artificiais, mas é um engano. Se fechar os olhos, ocorre-me uma cesta de fruta - blueberries ou mirtilos. E se existe (e é tão bommm), se tem uma cor que tinge tanto, porque não pode haver comida em tons de azul?
Apesar de ser uma cor fria, é uma cor apetecível (pelo menos para mim e para tantas pessoas que adoram a cor azul), consigo imaginar mil combinações de fazer um empratamento definitivamente original, e para os curiosos, que tal experimentarem uma boa novidade?, apesar da estranheza, diria que resulta em convidativo e até apetitoso.

Pensar em arroz azul? Nahhhh só pode ser corante artificial ou photoshop!, mas resolvi pesquisar esta ideia de comida em azul e pasmem!!, descobri este arroz que é obtido da forma mais pura. Na Malásia há um prato chamado Kerabu Nasi (Nasi é um arroz cozido, Kerubi uma mistura de legumes ou seja, significa prato de salada de arroz com legumes, se bem que os legumes utilizados sejam deveras originais por si, para o palato ocidental - receita mais abaixo) acompanhado por um inusitado (aos nossos olhos) arroz azul, que é obtido a partir do de uma flor cujo nome me transportaria a outras histórias e sabores que não são para aqui chamados... Apresento-vos ... a flor Clitoria.
Não duvidem, fui pesquisar na net (fala sério... encontrei muita bobagem com as palavras que joguei no google até que acabei encontrando o que queria), estas flores são usadas como corante natural  neste bonito tom de azul,  e agora já me parece  definitivamente apetecível em alimentos, sabendo que não é corante artificial.
Curiosidade? Sabia que na China os bolos de cor azul (ou kueh) raramente são usados? Porque lá a cor azul significa luto e nos funerais, não oferecem kuehs azuis e brancos para a alma falecida. Assim, nunca faça qualquer kueh tradicional na cor azul e vá de a oferecer a alguma pessoa idosa, se você puder evitá-lo, fica simpático...!! fica a dica.

Devo confessar que não sei exactamente como passam as flores a corantes alimentares, mas calculo que seja receita ancestral que passa certamente por secarem as flores ao sol, e depois de secas, como nesta imagem, fazer uma infusão na água a ferver para que obtenham a cor azul. Já o arroz?, bom, se usar este "caldo" no arroz, numa sopa em outra comida, o que acha que acontece?

Vamos fazer uma Receita de Sopa Clitória?

Sim, é claro, onde arranjaríamos nós o corante natural de flor de clitória? Mas se o tívessemos, eu inventaria uma sopa de legumes básica de courgette, chu-chu, batata, nabo, cebola e dentes de alho (sim, uma base branca para não comprometer a cor lindaaa) e jogaria o corante da flor clitória no final. Na foto está umas raspas de queijo da ilha (açoriano) e, quem sabe,  umas gotas de lima ou de limão e um pouco de pimenta ralada no momento. Afinal, apimentar uma sopa de clitória não me parece nadaaa errado...

Mas vamos à receita de Nasi Kerabu

1 xícara de coco fresco ralado
1/2 xícara de peixe seco (bile ikan)
3 xícaras de arroz cozido (como para sushi)
1 talo de erva-príncipe em fatias finas
1 pedaço de raiz de gengibre em fatias finas (a gosto)
1 pedaço de raiz de açafrão-da-terra em fatias finas (a gosto)
1 pedaço de raiz de galangal, em fatias finas (a gosto)
4 chalotas, em fatias finas
1 molho de folhas de aipo
1 ramo de coentros
1 ramo de hortelã
1 molho de agriões
10 folhas de lima Kaffir
4 colheres de sopa óleo vegetal, mais 2 colheres de sopa para fritar
sal e pimenta qb

Aqueça uma panela grande em fogo muito baixo. Adicione o coco e vá mexendo sempre por 20 minutos. Ele vai se transformar dourar e secar. Deixe esfriar e, em seguida moer com a textura de pão ralado fino em um processador de alimentos ou almofariz/pilão.
Aqueça 2 colheres de sopa de óleo na wok e adicione o peixe seco. Salteie, mexendo sempre, até que fique dourado, será cerca de 5 minutos. Deixe esfriar e corte em pedaços pequenos.
Escolha as folhas dos caules das ervas. Junte as folhas em cachos pequenos, com as folhas lima kefir do lado de fora. Pique finamente em juliana.
Numa tigela grande, misture todos os ingredientes. Tempere os vegetais com o óleo, adicione sal e pimenta a gosto e sirva.
Tinja o arroz branco para azul com corante natural de flor de clitória (a gosto)


E se nesta viagem pela refeição azul acompanhar com chá de clitória e servir para sobremesa sorvete de mirtilo? Conseguiria ou não uma refeição toda toda azul para a personagem autista numa hipotética quinta-feira?



Espero que as pessoas continuem a plantar esta planta linda, e a manter a tradição de usar a flor clitória naturalmente como o corante alimentar por excelência, uma vez que os aditivos azuis na culinária me parecem perigosos, aliás, na minha pesquisa constatei que nomes como azul claro e anil correspondem a muitos EEEE's (nunca sabemos o que ingerimos, não é?) uma vez que só de aditivos azuis existem assustadoramente mais de 130 EEE's e sim, em muito países a legislação proíbe-os, porque são considerados cancerígenos.


Pessoalmente? Bom....... A simples ideia de uma trepadeira verdejante de flores azuis numa casinha de portadas azuis fascina-me, apazigua-me a alma. Encanta-me a ideia de romantizar e eternizar em algum livro,  uma família com pessoa com autismo que more numa casa caiada de branco com uma trepadeira com flores azuis e que estranhamente fazem sopa azul ao serão.

E porque hoje falo de comida Azul??
Azul. A cor que alguém convencionou para representar o Autismo. O Autismo é a disfunção global do desenvolvimento com maior crescimento no mundo. No mundo, a ONU estima que 67 milhões de indivíduos em todo o Mundo sejam afectados pelo Autismo. Na maioria dos países o Autismo é mais comum que doenças oncológicas, diabetes e HIV juntos. Você sabia?


Encorajamos a todos bloguistas, publicar um post AZUL dia 2 de Abril, a acender uma luz na janela de sua casa, em seu emprego em azul, a vestir-se de azul, a pintar as unhas de azul, ou a fazer comida azulzinha!!!, mas a parar, um dia só que seja do ano em sua vida, e reflicta sobre uma perturbação que, a ser reconhecida na rua, por quem por nós passa, faria a vida destas pessoas e suas famílias muito mais simples.
Obrigada por um gesto que até é simples, tal como a população autista que conheço me tem vindo a ensinar a dar importância ao que tem valor na vida - o SIMPLES.



1 comentário:

Anónimo disse...

viva a vida,viva o azul,vivaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

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